sábado, 25 de fevereiro de 2012

Livro 1808 - Laurentino Gomes



Acho importante a leitura de livros que resgatam a histório do povo brasileiros por estudantes em geral pois, como já ouvi por ai e concordo, um povo que não conhece seu passado está fadado a repetir os mesmo erros de outrora.

Este livro é interessante pelo fato de narrar o período da história do Brasil que vai desde a chegada da corte de Portugal ao nosso país numa linguagem simples e amigável, com descrição bem mais próxima do real do que os personagens caricatos que estamos acostumados a ver em filmes e peças.

O livro é uma viagem à época da corte, nos proporcionando uma riqueza de detalhes e até alguns fatos novos até agora desconhecidos até por historiadores, quem dirá conhecermos, na época da escola, nos nossos rasos livros didáticos.

Com este livro, é possível realizarmos uma verdadeira avaliação da gravidade dos fatos dos acontecimentos passados olhando para a situação citada como se estivesse ocorrendo hoje, no nosso tempo atual. O que seria do país caso a corte não tivesse aportado por aqui?

1808. Uma viagem de meses em caravelas caindo aos pedaços, com falta de comida e água, muita sujeira e muito piolho. A viagem da corte de Portugal ao Brasil, fugida de Napoleão Bonaparte, é escoltada pela marinha britânica. A visão do Brasil da época: uma colônia sem qualquer infraestrutura.

É a abertura dos portos que favorece comerciantes ingleses, e também brasileiros, enriquecendo as duas pontas do comércio internacional. Começa-se ai o jogo político que vimos até hoje no nosso país: o favoritismo, a corrupção, os ricos fazendeiros e traficantes de escravos ávidos pelos títulos de nobreza.

Nasce o Banco do Brasil onde estes negociantes adquirem ações da instituição para serem compensados com títulos de nobreza.

Mas tem também o lado do crescimento do pais. São criadas escolas, estradas, hospitais, é iniciada a entrada de produtos importados. Tem o horror da escravidão enriquecendo os traficantes.

E do outro lado do atlântico fica um país orfão: Portugal, onde estoura a revolução liberal na cidade do Porto em 1820, obrigando dom João VI ao retorno da sua terra.
Foram 13 anos no Brasil. Narrativa maravilhosa que nos apresenta a nossa própria história.

Recomendo. Deveria ser item de cesta básica.

Nosso Marley, e nós

Carta ao Átila



Sim, eu tive um Marley na minha infância. Quer dizer eu não, meu pai ... eu era apenas uma das crianças da casa que teve o privilégio de conhecê-lo e conviver contigo.

Átila. Cachorrão grande, mistura de capa preta com pastor alemão ... Lindo! Pêlo preto brilhante. Lembro bem de você.

Nossos bracinhos finos de criança tentavam dar a volta no seu pescoção e ficávamos abraçadas com você assim.

Você foi o nosso primeiro cachorro. Nós nascemos e você já estava lá, Átila. Sempre achei lindo o seu nome, que meu pai escolheu. Nome forte, áustero, diferente. Você já fazia parte da família quando chegamos, uma a uma ... as intrusas no caso, éramos nós, as crianças...rs

Você era o nosso cão herói, salvou o pai e o tio Mingo de levar tiros ... foi lindo o que você fez. Coisa de cinema, como diz meu pai. Eu tão pequena, fiquei admirada, orgulhosa, agradecida. Quando aqueles bandidos entraram no bar e apontaram a arma para eles, você foi para a direção deles e pulou em cima deles, dai foi você quem levou o tiro, não é? Muita sorte que o tiro acertou apenas na sua pata ... Cachorro corajoso. Sofreu, eu lembro disto, mas meu pai cuidou de você. A bala atravessou a patinha (ou patona, porque era imensa)...

Esta é apenas uma das histórias que eu vivi com você, meu pai certamente escreveria um livro sobre o "nosso cão herói"!

Meu pai o ensinou a ficar alerta com as situações de perigo, eu lembro. Era só você ouvir a frase "Atropela, Átila... atropela" que já partia para cima de quem quer que fosse... sempre foi o nosso cão guarda costas.

Era lindo você, Átila... deixou saudades!

Nesta época nós assistíamos o seriado Lassie na TV e era como se NÓS vivessémos um seriado com você.

Você tinha o andar igualzinho o do pai... todo pacato ... sossegado ... muito engraçado.

Quando você adoeceu nós todos da família sentimos muito. Quando faleceu então... foi dolorido demais. Foi a primeira morte em família para mim. Foi muito triste.

Em todo cão que tivemos depois de você sempre procurámos um "Átila" ... sempre... mas entendi depois de muito tempo que igual a você não existe, não, Átila. Você foi e será o único. Isto não quer dizer que não gostamos dos outros... gostamos sim, mas você era especial.

Você é a lembrança da minha infância ... assim como a Fazenda São Joaquim, você faz parte da minha história e hoje o que eterniza este momento é a sua foto ... com ela revivo as lembranças como fazendo uma viagem...

"Nessa estrada
Um pé nas nuvens
Outro pé noutro lugar
Uma saudade
Uma viagem
Onde vai meu coração

inda hoje inda bem no caminho
canto alegre
é você tão feliz e sozinho
uma velha canção rock´n roll"

Muitas Saudades, Átila.